Sunday, November 13, 2005

Eu que sou hipócrita,
Eu que sou orgulhoso,
Deveras atencioso quando preciso.
Eu que ignoro,
que digo palavras sem pensar,
que passo por elas desapercebido.
que vivo nelas como um pássaro alçando vôo,
num dia de tempestade.
Através de textos que todos acham lixo.
Eu que sou corrupto,
que digo uma inverdade por dinheiro,
que choro, como nenhum homem carpideiro,
que louvo tal e tal emprego pela quantidade de lucro
que ele me trás.
Duvida? Quer apostar quanto? $._.$
Eu que sou sem coragem.
que acabarei com um infarto ou um cancer no figado,
por explodir a prestação.
Eu que nunca visitei um terreiro,
que nunca me virei pra Meca,
que nunca cantei salmos ou queimei meus mortos.
Mas os enlutei pelo tempo necessário.
Eu que acho Ella & Louis a maior parceria musical
e o vocalista do Oasis a cópia de John Lennon.
Copiando Solomon, eu que perdôo os nazistas.
Eu que fugi quando a chuva começou
E a barraca do morro deslizou.
Eu que sonho o suficiente,
que ando o suficiente,
que me cobro o suficiente.
Eu que não escrevo historietas fantasiosas para ouvir teus elogios,
mesmo que existam.
Eu que deslocarei a retina de tanto lê em ônibus,
Eu que passo as manhãs vendendo atresanatos baratos,
e a noite fazendo 'ukemis'.
Eu que nunca tomei cadaverina da Herbalife
pra passar duas horas no banheiro.
Eu que acredito em Deus,
mesmo que a vezes ele não acredite em mim.

Fui eu quem fiz. Grifagens do autor. Veiculação proibida.

Saturday, November 12, 2005

Chegando de supetão!

Não percam a maior saga de todos os tempos. Seu Bil, o héroi buchudinho! A biografia não-autorizada do maior empresário de barraquinhas de balas e afins da região metropolitana do Recife. Em breve: COMO SEU BIL CHEGOU AO SUCESSO...\o\ \o/ /o/

Tuesday, November 08, 2005

bicos e becas

Quem sabe de mim sou eu, mas gostaria muito que muitos soubessem um pouco mais de mim...

Monday, November 07, 2005

qual a minha razão de ser?

Também não se falou mais no fato de que, contra todas as probabilidades, um cachalote havia de repente se materializado muitos quilômetros acima da superfície de um planeta estranho.
E como não é este o meio ambiente natural das baleias em geral, a pobre criatura teve pouco tempo para se dar conta de sua identidade “enquanto” cachalote, pois logo em seguida teve de se dar conta de sua identidade “enquanto” cachalote morto.
Segue-se um registro completo de toda a vida mental dessa criatura, do momento em que ela passou a existir até o momento em que ela deixou de existir.
Ah...! O que está acontecendo? Qual a minha razão de ser?
Ah, desculpe, mas quem sou eu?
Ei!
Por que estou aqui? Qual a minha razão de ser?
O que significa perguntar quem sou eu?
Calma, calma, vamos ver... ah! que sensação interessante, o que é? É como... bocejar, uma cócega na minha... minha... bem, é melhor começar a dar nome às coisas para eu poder fazer algum progresso nisto que, para fins daquilo que vou chamar de discussão, vou chamar de mundo. Então vamos dizer que esta seja minha barriga.
Bom. Ah, está ficando muito forte. E que barulhão é esse passando por aquilo que resolvi chamar de minha cabeça? Talvez um bom nome seja... vento! Será mesmo um bom nome? Que seja... talvez eu ache um nome melhor depois, quando eu descobrir para que ele serve. Deve ser uma coisa muito importante, porque tem muito disso no mundo. Epa! Que diabo é isso? É... vamos chamar essa coisa de rabo. Isso, rabo. Epa! Eu posso mexê-lo bastante! Oba! Oba! Que barato! Não parece servir pra muita coisa, mas um dia eu descubro pra que ele serve. Bem, será que eu já tenho uma visão coerente das coisas?
Não.
Não faz mal. Isso é tão interessante, tanta coisa pra descobrir, tanta coisa boa por vir, estou tonto de expectativa...
Ou será o vento?
Realmente tem vento demais aqui, não é?
E, puxa! Que é essa coisa se aproximando de mim tão depressa? Tão depressa. Tão grande e redonda, tão... tão... Merece um nome bem forte, um nome tão... tão... chão! É isso! Eis um bom nome: chão!
Será que eu vou fazer amizade com ele?

E o resto – após um baque súbito e úmido – é silêncio.

O guia do mochileiro das galáxias. Adams, Douglas. Tente procurar as páginas. Um beijo.
"Rio porque me lembro de quando íamos para o sítio de carro com meus pais, eu e minha irmã no banco traseiro. Curva para o lado, e eu jogava o corpo para cima dela, fazendo "ôôôôôôôô". Curva para o lado dela, e era ela que caía para cá: "ôôôôôôôô". A lembrança me bate com tanto força que chego a sentir o cheiro da cabeça da minha irmã, que ela dizia que era do cabelo, e eu dizia que era da cabeça, porque ela mudava de shampoo e o cheiro continuava o mesmo, e ela dizia que eu era criança e confundia tudo, mas eu tinha certeza que aquele cheiro era da cabeça dela, então ela me perguntava como era o cheiro, e eu perdia a graça porque não sabia explicar um cheiro, daí ela dizia "tá vendo", mas na verdade é que nunca esqueci, já cheirei a cabeça de muitas mulheres e nunca senti nada igual."
Extraído de Estorvo, Chico Buarque. págs 69-70.

Friday, November 04, 2005

"Sempre quis aprender gaélico escocês, com tom imperioso na sonância e com sotaque, mas era taxado de excêntrico e arre! Como é difícil encontra um curso que ensine. Eu queria ser excêntrico, é sério! Mas nunca me deixaram ser, ai pensei em ser altista, altista por opção, e me cansei de ficar pensando nisso.
Da mesma maneira que fui católico, católico só não, espírita, simpatizante do budismo, do xintoísmo e todas as sagradas religiões dos ísmos. E me cansei. Cansei de ter um padre, um médium, uma monja como exemplos a serem seguidos. O que não me torna, necessariamente um ateu. A educação militar sempre me ensinara que fora meus pais, só devia servir a Deus e ao meu País. Na verdade eu nunca entendi bem qual a ordem desses três. Colocando o ponto nos is, eu fui obrigado a seguir os três segamente, como o “s” da última palavra.
E assim me virei, laconicamente falando, entre meus estudos e minha casa. A velha casa da rua Morgue, que nunca chegou a ser uma grande casa, mas que na minha adolescência era vigiada por uma guarnição da policia. Era ditadura militar, meus caros, com os tá-tá-tá-tá das armas do quartel ao lado e com a fobia a comunistas e tudo.
Nossas manhãs eram pães recheados de sangue de revolucionários idiotas que perdiam a vida em busca da liberdade. A liberdade que meu pai assim como aqueles de farda e charutos trouxeram. E para não comermos secos, ainda tínhamos o suco das ações de nosso querido e imortal presidente Médici, que morrera (por acaso do destino) e depois de nosso outro imortal Geisel. Ainda tinha torta de Jules Rimet e de barro amazônico. Como pude acreditar um dia nisso?
Mudar, eis uma palavra de ordem sempre utilizada nesses casos. Mudança. "Só conseguiremos mudar o mundo com revolução!" ou "Eu sou comunista pra exigir mudança!" ou "Tenho que mudar a sala, ela está velha, e com casas de aranha". Essa ultima frase não tem muito haver, mas eu pretendia fazer um parágrafo longo.
Não que fosse por fim um comunista, me defino um socialista quieto e moderado que guardava a sete chaves o livro do grande timoneiro e do barbudo Marx ao invés de guardar com mais cuidado aquelas revistas de mulher pelada que trouxera dos Estados Unidos e que minha mãe escondera após a descoberta.
Um socialista... Comunista, não. A fobia me deixara traços. Comunistas comiam criancinhas ou eram homicidas em potencial. Não queria ser deportado pra Sibéria.

Thursday, November 03, 2005

Quem é a bicuda?

Eis a dúvida mortal...